A Formula 1 é um desporto que opera nos limites da tecnologia moderna mas ainda assim existem situações em que as soluções mais rudimentares, como a fita adesiva se apresentam como as mais viáveis para a resolução dos problemas dos pilotos.
Um dos exemplos mais recentes desta filosofia é a utilização de de bocados de fita adesiva de modo a ajudar aos pilotos a posicionar-se na grelha de partida.

O posicionamento dos carros na grelha de partida é de imensa importância para o começo da corrida, pode ser uma questão de centímetros entre conseguir ultrapassar um rival na chegada à primeira curva ou ser ultrapassado. Naturalmente existem dificuldades em posicionar o carro de maneira ideal, com abordagens mais ambiciosas a serem penalizadas como por exemplo o que ocorreu este ano a Lando Norris no circuito de Sakhir no Bahrain.
Embora pareça uma tarefa relativamente simples, alinhar o carro da maneira mais benéfica e legal possível no retângulo de 2.7 metros desenhado na grelha de partida pode ser desafiante.
A legalidade da posição é determinada pela posição das rodas relativamente à linha, sendo possível ter a asa dianteira a ultrapassar a linha.
Segundo o artigo 48.1 dos regulamentos desportivos, é considerado um arranque ilegal se qualquer parte da roda estiver em contacto com as linhas brancas quer seja em frente ou de lado.

Equacionando a baixa posição dos pilotos no cockpit, o halo e toda a carroçaria do carro, os pilotos têm a visão incrivelmente limitada e são incapazes de ver onde estão as rodas. A FIA utiliza uma linha amarela na grelha junto ao limite do retângulo de arranque de modo a ajudar os pilotos mas esta não é uma solução ideal e continua a causar problemas aos pilotos o que obrigou a FIA a alargar os limites por 20cm.
O piloto da Mercedes e presidente da GPDA, George Russell afirma que é extremamente difícil colocar o carro na posição ideal.
‘É incrivelmente difícil, estamos numa posição tão baixa que acabamos por ver apenas a parte superior dos pneus, é impossível ver o chão. Temos umas linhas amarelas que se estendem para fora da caixa mas nem isso conseguimos ver, quanto mais as linhas brancas que determinam a nossa posição.’
‘É muito, muito difícil. Por isso é que acho que devemos demonstrar um pouco de senso comum ao punir estas infrações.’
Tendo em conta a situação, alguns pilotos estão a atacar o problema de forma bastante simples.
Antes da volta de formação, o carro de Lewis Hamilton é empurrado pelos seus mecânicos até ao retângulo branco sobre a supervisão de Ricardo Adami, o seu engenheiro de corrida que garante que o carro está o mais alinhado possível com as linhas. De seguida, Hamilton, com a ajuda de um mecânico coloca um pequeno pedaço de fita adesiva preta na lateral do seu carro de modo a criar uma referência para a posição em que terá de estar quando realmente tiver de arrancar.

Já Lando Norris, utiliza uma solução diferente. O atual segundo classificado do campeonato mundial de pilotos escolhe colocar um pedaço de fita prateada na parede de modo a conseguir alinhar o carro. À semelhança de Lewis Hamilton, o carro é empurrado pelos mecânicos até à posição correta com a ajuda de Will Joseph, o seu engenheiro de corrida.

Ambos os pilotos optaram por soluções bastante rudimentares comparativamente ao quão sofisticado o desporto consegue ser. No entanto, é importante reconhecer que as coisas não necessitam de ser mais complicadas, precisam de ser eficazes.

