F1 Championship

As declarações iniciais de Tim Mayer.

Tim Mayer oficializou a sua candidatura à presidência da FIA na passada sexta-feira dia 4 de julho e nas suas declarações iniciais demonstrou que pretende iniciar a sua campanha contra Sulayem na ofensiva. 

A conferência de imprensa foi realizada num hotel perto do circuito de Silverstone e as fraquezas e erros da parte de Mohammed Ben Sulayem foram prontamente apresentados por Mayer, filho de um dos co-fundadores da McLaren e com uma carreira de mais de 35 anos no desporto motorizado, 15 deles como um dos Stewards com mais relevância dentro da organização que procura agora liderar. 

O americano sente que os 4 anos de liderança da parte de Sulayem ficaram longe do que tinha sido prometido inicialmente pelo ‘emirati’ e sente que a altura para mudança é agora. 

Mayer deixou bem claro que não pretendia que fosse uma campanha repleta de golpes baixos e acusações mas também não tenciona permanecer calado sobre os dossiers que lhe trazem mais insatisfação. 

O verdadeiro problema com os Stewards.

A falta de consistência nas decisões tem sido um dos ponto que tem trazido os stewards debaixo de fogo por parte dos fãs. No entanto Mayer sente que o criticismo está errado. 

‘Discordo da ideia de que as decisões carecem consistência. Fizemos estudos e a verdade é que as decisões tomadas pelos stewards são extremamente consistentes.’ 

‘Fizemos perguntas aos pilotos e equipas relativamente a qual seria a sua decisão em algumas das situações e a verdade é que as suas decisões se alinham bastante bem com as nossas.’ 

‘É o trabalho das equipas e dos pilotos discordar das nossas decisões mas a verdade é que estamos extremamente bem preparados para tomar as decisões que tomamos.’ 

Mayer sente que o maior problema com os stewards não é a tomada de decisões mas sim a sucessão dentro da profissão e garantir que esta sobrevive nas mudanças de ciclo o que é impossível sem nutrir uma nova geração de profissionais.

‘Tenho cabelo cinzento, sou o estereótipo de homem de 59 anos branco. Precisamos de trabalhar com mulheres no desporto. Precisamos de trabalhar com pessoas de todos os cantos do mundo. Precisamos de olhar para vozes mais diversas, trazer mais diversidade ao Race Control. Temos excelentes pessoas a trabalhar lá atualmente, o problema é não haver uma próxima geração a prestar apoio.’ 

Como vai lidar com a F1? 

A relação entre Sulayem e a Liberty Media tem estado repleta de altos e baixos, algo que não favorece nenhum dos lados. Neste ponto, Mayer sente que o papel do presidente da FIA deve ser ouvir em vez de tentar controlar os acontecimentos. 

‘Sou bastante bom a ouvir; portanto vou trabalhar em conjunto com os nossos stakeholders, vou ouvir os pilotos e as equipas e vou perguntar o que realmente precisamos para o futuro.’

‘Precisamos de um conjunto de regulamentos claro e um mapa para os próximos 10 a 15 anos de modo a que os investimentos possam ser feitos de maneira consciente e de maneira que os pilotos saibam com o que vão lidar de modo a que possam fazer parte da tomada de decisões através das suas opiniões.’ 

‘A FIA não é uma promotora, não é da nossa responsabilidade publicitar o campeonato, isso é o trabalho da Liberty. No entanto, necessitam de uma boa base, algo com que trabalhar e esse sim é o trabalho da FIA. Conseguimos ser melhores, conseguimos ouvir melhor. Conseguimos trabalhar com eles em vez desta constante luta, precisa de haver respeito.’ 

Como tenciona tratar os pilotos? 

A relação entre a FIA e os pilotos das suas categorias tem passado por um período conturbado. 

A própria GPDA tem expressado desconforto com a maneira como têm sido tratados os pilotos devido à falta de transparência da parte de Sulayem. 

Tim Mayer tenciona inverter o que se tem vindo a passar nos últimos anos e deixar de tratar os pilotos como se fossem ‘crianças mal comportadas’. 

‘Já estive em várias categorias. Não só na F1. Os pilotos querem ser tratados com respeito, querem ser tratados como adultos. Tudo o que eles fazem comporta um risco tremendo e não os podemos tratar como crianças, não é correto. Precisam de saber que estamos com eles, que nos preocupamos com a sua segurança, que os respeitamos e que sabemos que eles são as estrelas e que a sua opinião é valiosa.’ 

‘É uma relação que pode sem dúvida ser melhorada.’

Um mar de diferenças.

Nem tudo sobre Sulayem foi criticado nesta conferência de imprensa. 

Mayer afirmou que os valores sobre os quais Sulayem se tinha candidatado no ciclo eleitoral anterior eram os corretos. Transparência e uma liderança melhorada. No entanto, não foi isso que os últimos 4 anos nos trouxeram. 

‘O MBS candidatou-se com boas ideias, mais valor para clubes pequenos, reforma e transparência. A mensagem era a correta mas falhou na entrega. Em vez de reforma vimos uma representação sem qualquer valor acrescido.’ 

Mayer afirma haver muita gente que se arrepende de ter apoiado Sulayem devido à falta de impacto naqueles que foram os seus principais pontos durante as eleições. 

‘Ele disse todas as coisas corretas, apoio a clubes, particularmente os mais pequenos em regiões menos bem servidas, apoio à transparência, apoio a uma boa liderança regional e trazer novas pessoas para a liderança da FIA de ponto organizacional. Tudo isto foram excelentes mensagens.’ 

‘Mas na realidade tivemos membros do Senado a ser expulsos por exercitarem as suas responsabilidades de ética e de responsabilidade financeira.’ 

‘Vemos claramente que o que ele prometeu e o que realmente entregou está a milhas de distância.’

Uma morte lenta. 

Mayer sente que mais 4 anos desta liderança seriam catastróficos para o desporto motorizado, afirmando até que Sulayem é de momento ‘corrosivo’ para o desporto. 

‘Penso que corrosivo é a palavra ideal para esta situação. A organização não está a ser afetada por apenas um problema, é morte por 1000 cortes de papel, e isso para mim é muito problemático.’ 

‘A FIA precisa de ser uma organização respeitada, uma organização bem liderada, bem gerida onde existe uma visão clara, onde as pessoas recebem a oportunidade de executar a visão planeada, onde são encorajadas a vir trabalhar todos os dias porque fazem parte do processo. Este é o maior problema atualmente.’ 

A Mensagem para os fãs. 

Para Mayer é extremamente importante a maneira como os fãs olham para a instituição e tem uma mensagem clara para eles. 

‘Respeito que os fãs olhem para a FIA á procura de consistência. Procuram justiça, procuram competição equilibrada e procuram que a FIA se afaste do que realmente importa que é a ação em pista.’ 

‘Nunca ninguém pagou dinheiro para ver os stewards fazer o trabalho deles, nunca ninguém pagou dinheiro para ver a equipa de segurança. É de extrema importância para o desporto mas os fãs não querem ver isso. Vou ouvir os fãs, as equipas e os pilotos, os promotores. Vamos trabalhar juntos e depois vamos deixar as corridas acontecerem como devem acontecer.’